quarta-feira, 20 de julho de 2016

Procura-se, viva ou morta.

Acho muito difícil que a essa altura do campeonato você não tenha ouvido falar de Garota Exemplar, da Gillian Flynn. Livro ou filme, tanto faz, foi simplesmente um sucesso.

No mundo do booktube, foi uma avalanche de comentários do tipo "Leiam esse livro!", "Melhor livro do ano!", ou algo do tipo. E você sabe qual é o problema de ler algo que todo mundo acha maravilhoso, né?

De duas, uma: ou você vai achar perfeito e concordar com essas opiniões ou não vai achar "tudo isso". Onde eu me encaixo? Claro que na segunda opção. Mas por favor não me apedrejem antes de terminar de ler a resenha, pois eu de fato achei um livro muito bom, apesar das quatro estrelas que dei por motivos de expectativas demais.

Lembro que quando começaram a falar desse livro fiquei super intrigada. Diziam ser um livro ao estilo "mind blowing", ou seja, "sua cabeça vai explodir quando ler isso aqui!". E quer saber? Até que foi isso mesmo o que aconteceu, mas eu já esperava que isso acontecesse depois desses comentários (não sei se isso faz sentido para você).

Em Garota Exemplar, acompanhamos a investigação do sumiço da esposa de Nick, por meio de seu ponto de vista, sendo o livro divido em três partes, cruciais à história. Em contrapartida, os capítulos com a visão dele são intercalados com o diário escrito por sua mulher Amy, em que podemos comparar os acontecimentos relatados pelos dois e tentar imaginar quem está falando a verdade.

A vida desse casal é um tanto incomum. Suas brincadeiras internas, suas histórias de vida antes do casamento, o que pensam sobre casais de amigos. Tudo isso serve de elemento para a narrativa, tornando as coisas muito esquisitas e, por vezes, sombrias para o leitor.

Quando comecei a ler sobre a história de Nick e o sumiço de sua esposa, ficava a cada capítulo tentando adivinhar o que tinha acontecido de verdade. Bolei mil teorias e muitas passaram perto da verdade e o que era para ser uma "grande descoberta" foi uma "grande descoberta já esperada". Portanto, entendam, eu li esse livro sabendo que ia me surpreender e talvez isso tenha estragado um pouco as coisas para mim.

Como essa resenha não contém spoiler, eu prefiro que você entre de cabeça nessa história. Sem ler nada de muito crucial, mesmo que perceba depois que são situações banais para a narrativa. Acredite em mim e sua leitura vai ser cinco estrelas, com certeza.

O que achei:

Em primeiro lugar, espero que você tenha compreendido o que vivenciei com a leitura. 

Em segundo lugar, achei o livro muito bem escrito, daqueles que te prendem do começo ao fim. Essa autora não tem papas na língua, cria personagens com nuances incríveis e muitas particularidades. É muito complicado a individualização de pensamentos quando o livro tem mais de um protagonista. O enredo é super cativante e gera uma aflição enorme, pois você quer descobrir o que diabos está acontecendo. 

Por fim, Gillian Flynn de fato merece seu hype, ela é brilhante. Mas da próxima vez não quero saber absolutamente nada da história. Quero ter apenas minha própria avaliação de tudo e ser, como eu disse logo no começo dessa resenha, surpreendida.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

A individualidade é veneno.

Se você é um grande fã de distopias, vou lhe fazer um pedido: esqueça tudo o que você já leu até hoje, dentro do gênero, e recomece a partir de Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.

Não pense que estou exagerando. Isto é apenas a opinião de uma leitora que descobriu em um grande clássico a razão de o ser.

Atualmente, estamos acostumados a ser "bombardeados" com livros de distopia. Divergente, Jogos Vorazes, Legend: todos eles são exemplos dessa onda que se abateu no mundo literário, mas que tem raízes muito mais antigas do que você imagina.

É claro que no presente caso estamos falando de distopia adulta, mas dê uma chance e você vai entender do que eu estou falando. Nada de drama adolescente (não que isso não tenha seu valor), nada de séries e mais séries que não conseguimos terminar (apesar de eu gostar) e, por fim, nada do mesmo.

A proposta do autor foi chocar o leitor da época - 1932 - e conseguiu fazê-lo inclusive nos dias de hoje. Admirável Mundo Novo conta a história de uma sociedade que execrou todos os conceitos de humanidade, moral e religião e que adotou a rigidez do comportamento, segundo valores que, de acordo com eles, são essenciais para a vida social.

Não há casamento, mas sim multiplicidade de parceiros sexuais. O sexo não existe para procriação - vista como algo medonho - mas sim para diversão. Se você tem algum problema na vida ou angústia, tome soma - a droga distribuída pelo governo para que você mergulhe numa alegria interminável. Religião? Imagine! Boas doses de soma e orgias resolvem o problema. E castas. Cada indivíduo é modificado para servir a um propósito pré-determinado. 

Está achando isso tudo muito louco? Isso é porque você não leu o livro ainda. Acredite. Para todo ato há uma explicação, uma razão, um motivo que justifica as atitudes tomadas em prol do convívio social perfeito.

Eu não quero comentar absolutamente nada das personagens que encontramos no livro, pois foi o fato de eu não saber nada sobre eles que me fez ficar tão encantada. 

O que eu achei:

Amei!Amei!Amei!

O livro é recheado de passagens incríveis, citações de Shakespeare, descobertas que levam o leitor a refletir sobre a nossa realidade atual. Mesmo que você não concorde com nada do que é proposto, é possível compreender as razões apresentadas para o funcionamento daquele universo.

Esse clássico conquistou meu coração. Se tornou o que chamamos de "Livro da Vida", algo que jamais esquecerei de ter apreciado. Me deu vontade de ler todas as coisas que esse autor escreveu.

Enfim, termino essa resenha como comecei. Você adora distopias? Leia Admirável Mundo Novo e surpreenda-se.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Os recônditos da mente humana.

Quando me deparei com Filme Noturno, da escritora Marisha Pessl, em uma grande livraria, sendo vendido por apenas R$9,90 fiquei um pouco intrigada. Ainda mais pelo fato de que tal livro contava com mais de quinhentas páginas. Isto não é coisa que se encontre todo dia.

É claro que o valor baixo significava pouca saída de estoque, e esta é a única razão que encontrei para o valor deste livro depois que tive a oportunidade de lê-lo. Quem dera todo bom livro fosse vendido por valores tão baixos, não é?

Além de uma escrita cativante, o livro é apresentado ao leitor em forma de dossiê permitindo que você se sinta participando de toda a investigação que recheia a história narrada.

Mas vamos conhecer um pouquinho do enredo?

Em Filme Noturno acompanhamos o jornalista Scott McGrath na busca da verdade sobre o mistério que cerca a morte de Ashley Cordova, filha de um famoso cineasta - Cordova - conhecido pela produção de filmes extremamente perturbadores e contraditórios e pelo mistério que permeia sua vida e a de todos que estão ou estiveram à sua volta.

Com a morte de Ashley, Scott resolve revirar novamente a vida do diretor, que alguns anos atrás foi a causa de sua derrocada na profissão por causa da divulgação de informações falsas acerca de práticas obscuras de Cordova, dadas por um anônimo em uma  ligação telefônica.


O jornalista, na busca pela verdade, encontra dois improváveis aliados que o ajudarão na solução do mistério: Hopper e Nora, que tiveram contato com Ashley pouco antes de seu falecimento. Esse trio precisará de muita força mental para permanecer intacto durante a experiência de desvendar a vida de alguém tão nefasto quanto Cordova.

O que achei:

Acho que nem preciso falar que adorei a leitura. Fiquei até um pouco surpresa de ver diversas resenhas criticando a história como um todo, mas preciso discordar totalmente. Em minha defesa, digo que é impossível esperar que todas as pessoas se conectem com um livro da mesma forma.

Isso pode acontecer com obras desconhecidas ou, até mesmo, com obras famosas. É impossível prever o sentimento que cada indivíduo terá com o enredo proposto, mas isso ajuda o autor a compreender suas possíveis falhas na escrita e se aprimorar em uma próxima empreitada, desde que, é claro, seja uma crítica válida.

Para mim funcionou super bem e consegui terminar o livro com relativa rapidez, dado o calhamaço que tive que enfrentar. Me senti totalmente imersa na leitura e adorei como a história terminou. Até fiquei um pouquinho chateada quando finalizei pois gostaria de saber muito mais sobre a vida do trio de investigadores.

Se você já leu Filme Noturno ou pretende ler, deixe aqui seu comentário sobre o que você achou ou  o que espera da leitura. Até a próxima.